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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aeroporto experimenta novo "estado de espírito" com festa corintiana

Sócrates esteve na grande festa, assim como o piloto Ayrton Senna e o rapper Sabotage
Foto: Fernando Borges / Terra

Morto há exatamente um ano por falência múltipla dos órgãos, Sócrates deu as caras na festa em que se transformou o embarque do Corinthians para o Mundial de Clubes da Fifa na noite desta segunda-feira, em Guarulhos. Apareceu por volta das 19h30, sorrindo e tremulando em uma das bandeiras da torcida Fiel, e de certa forma ajudou os cerca de 15 mil corintianos a honrarem sua mais célebre frase: “o Corinthians não é só um time e uma torcida, é um estado de espírito”. Foi essa a atmosfera vivida no Aeroporto de Cumbica.

Alguns corintianos esperaram mais de sete horas para ver pouco mais de sete segundos dos ídolos que disputarão o Mundial da Fifa: com dificuldade, o ônibus avançou pela multidão ensandecida às 22h56. Só foi possível ver os jogadores pelo vidro com insulfilm porque as luzes internas estavam acesas, e a maior parte deles gravava imagens deste novo estado de espírito que Cumbica experimentou. Os acenos rápidos já na área interna do aeroporto foram o extra para uma multidão que fez festa desde o início da noite.

Eles vieram de todas as cidades – Jacareí, Campinas, Taubaté, Igaratá e Pindamonhangaba, entre outros – e de diversos estados – Rio de Janeiro-RJ, Olinda-PE e Salvador-BA, por exemplo. Vieram jovens, velhos, crianças de colo e até um cachorro, um poodle vestido com uniforme corintiano, assustado com a grande muvuca. Trouxeram faixas, cantaram o tempo todo e incentivaram sua equipe antes mesmo de ela deixar o CT Joaquim Grava, alguns quilômetros antes do aeroporto.

A notícia de que o Corinthians teria contato com a torcida somente via alambrado rapidamente transformou uma área até tranquila do aeroporto. O bando de loucos começou a ocupar a grama mal cortada e repleta de carrapichos. Em grupos separados, como verdadeiras procissões religiosas, os cerca de 15 mil fanáticos transformaram uma área ocupada somente por credenciados em uma filial das arquibancadas do Estádio do Pacaembu. Festa igual a qual Sócrates, homenageado no dia de sua morte com a conquista do penta brasileiro, estava tão acostumado.

O clima praticamente sacro do aeroporto de Cumbica, com lembrança a Sócrates, mudou a rotina até então tranquila de uma típica segunda-feira no local. Tanto que funcionários até deixaram suas funções para testemunhar uma festa regida por anônimos. Quinze mil anônimos que apagaram a passagem de subcelebridades como a dançarina Mulher Pêra e sua figura volumosa.

Sócrates estava lá, ajudando a pintar o horizonte de bandeirões, em uma bonita festa que não se vê nos estádios paulistas desde 1996, por motivos de segurança. E não estava sozinho: veio acompanhado de outros ídolos póstumos da Fiel, como o piloto Ayrton Senna e o rapper Sabotage. Por um breve horizonte e durante algumas horas, composto por gramado, barranco e a estrada de acesso ao portão 3 do aeroporto, tudo foi Corinthians.

Alguns jogadores acenaram e, por motivos de organização, nenhum deles deu declaração. Na noite de segunda-feira, quem mandou o recado foi a torcida do Corinthians: o time embarca para o Japão com chance de fazer história, de colocar uma nova taça ao lado do troféu de um contestado mundial no qual jogou como convidado em 2000. E além disso, experimentar mais uma vez, além do time e da torcida, o estado de espírito que é o Corinthians.

Fonte: Terra Esportes

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