Foto: Lucas Liausu |
Em Pernambuco, é raro um jogador do interior se firmar na capital. Rogério chegou ao Náutico sem alarde em dezembro de 2010. Contratado junto ao Porto de Caruaru, à época com 20 anos. Um ano e meio depois, o atacante de aspecto frágil - tão franzino que o pai chegou a duvidar de que teria condições de ser jogador profissional - é a principal referência ofensiva do time alvirrubro. O tempo de "aposta" ficou para trás. Não por acaso, veste a camisa 10 do Timbu na Série A do Campeonato Brasileiro.
Ao lado dos companheiros, o atacante passou as duas últimas semanas treinando em Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, cidade escolhida para receber o elenco durante a parada da Copa das Confederações. O local é conhecido pelas belas praias, mas o paraíso passou longe dos jogadores alvirrubros, concentrados em um hotel e com a agenda repleta de treinos e programações. No pouco tempo de folga, descanso. Único remédio para aliviar a carga de trabalho puxada elaboarado pelo técnico Zé Teodoro, recém-chegado ao clube.
No entanto, entre um treinamento e outro, Rogério arrumou tempo para conhecer um pouco das belezas naturais em Tabau do Sul. Convidado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM e pela TV Globo, deu uma volta na Lagoa Guarairas e aproveitou a oportunidade para fazer um balanço da sua carreira. Falou também de vida. Apesar de jovem - apenas 22 anos -, o jogador já está perto de completar 100 jogos com a camisa do Náutico. Faltam apenas três.
- Não imaginava que faria 100 jogos aqui. Saí do interior, de Roçadinho para Pesqueira e depois fui para o Recife. Confesso que não imgainava que iria acontecer isso tudo na minha vida. É maravilhoso para mim. Fico alegre também porque a torcida gosta muito de mim.
Bom humor como receita
Além da torcida, Rogério é muito querido também entre os companheiros. A receita dele é simples e foi descoberta logo na sua primeira saída de Pernambuco. Quando ainda era das categorias de base do Porto, foi emprestado para o Figueirense e precisou usar o humor para se adaptar e quebrar o gelo junto aos novos companheiros.
- Aprendi muito quando estava no Figueirense. É um clube excelente que me apoiou muito, mas a maioria dos jogadores não queriam me aceitar no grupo. Comecei brincando e todo mundo passou a se apegar a mim. Acho que a brincadeira com sinceridade e verdade ganha o grupo. Depois disso procurei brincar em todos os clubes que passei. Acho que é por isso que todo mundo gosta de mim.
Apoio da mãe, desconfiança do pai
Apesar de ainda estar no começo da carreira, Rogério já pode se gabar de ter conseguido mudar um pouco a história da sua família. Os pais não vivem mais nas condições em que ele foi criado graças ao futebol. E tudo isso é fruto da esperança que a mãe depositou nele quando jogar futebol de forma profissional era apenas um sonho. O pai não acreditava no sucesso do filho.
- Já consegui comprar uma casa para a minha mãe e estou construindo outra. Minha família não vive mais os dias que vivia, sem comida e dinheiro. Hoje estão passando bem. A minha mãe sempre me apoiou, mas o meu pai não queria. Dizia que eu era franzino demais e que os caras iam passar por cima de mim. Falei que daria o meu primeiro salário a ele e dei. Eram cerca de R$200 e não fiquei com nada. Foi só para mostrar que consegui. Hoje ele está sempre comigo assitindo aos jogos.
O amigo que fez a diferença
Além da família, Rogério deve muito também a um amigo que o ajudou bastante antes mesmo de ele jogar no Pesqueira. Chicão cuidou do jogador durante dois anos quando ele deixou a cidade de Roçadinho para morar e jogar pelo Pesqueira Futebol Clube.
- Para eu chegar onde cheguei ele (Chicão) me ajudou muito. Era da escolinha e sempre me apoiou. Morava um pouco distante e os diretores não queriam que eu ficasse, mas ele bancou e disse que eu dormiria na casa dele. Passei dois anos lá e comecei a subir.
Texto completo em GloboEsporte/PE
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